Pastoral da mulher
Na luta por justiça social
A Pastoral da Mulher, unidade vinculada ao Instituto das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, com 40 anos de história em Juazeiro/BA, tem o objetivo de promover o empoderamento das mulheres que exercem a prostituição, fortalecendo a sua organização para a defesa de direitos individuais e coletivos.
A instituição segue seu trabalho à luz da solidariedade para com as mulheres que exercem a prostituição, numa perspectiva libertadora, fundamentando-se no respeito à diversidade racial, cultural, sexual e na singularidade das histórias de vida de cada mulher.
História
Durante o séc. XVII, Juazeiro era o ponto de encontro dos viajantes, tropeiros, marujos e comerciantes. Mercadorias de diversos gêneros eram desembarcadas da Europa em Salvador, que seguiam em lombo de animal até Juazeiro, de onde subiam os barcos fluviais até o interior de Minas Gerais. Grande parte das riquezas desta região de Minas e Bahia, passavam necessariamente por Juazeiro e seguiam para Salvador. A cidade representava o ponto até onde os barcos podiam navegar.
Este fenômeno de movimentação nesse ponto de encontro de dois caminhos de transporte, predestinava Juazeiro desde seu início, a ser também uma cidade que favorecia o exercício da prostituição. Na época foi constatado um número de aproximadamente 2.000 mulheres, cuja maioria vivia numa realidade de miséria e exploração.
Dom Tomas Guilherme Murphy, Redentorista, 1º Bispo de Juazeiro, se sensibilizou diante à situação de vulnerabilidade das mulheres marginalizadas na cidade e iniciou em 1978 o trabalho na Escola Profissional São José, com mulheres carentes e mães solteiras. Um ano depois, a escola foi ampliada para um prédio de dois andares, inaugurado no ano de 1979, passando o nome para “Escola Senhor do Bonfim”, em homenagem ao santo de devoção do povo Baiano, e tinha como lema: “as prostitutas nos precederão no Reino de Deus (Mt. 21,31…)”
Com a chegada do segundo bispo na Diocese, Dom José Rodrigues, em pleno contexto da construção da Barragem de Sobradinho, época denominada pelo povo e movimentos sociais como um período de grande injustiça social, chegaram à cidade de Juazeiro/BA, em 29 de abril de 1981, as Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, para assumir juntamente com as equipes de agentes de pastoral a coordenação do trabalho.
Desde então, a instituição vem realizando atendimento às mulheres que exercem a prostituição, em diferentes locais da cidade, através de ações que objetivam promover o empoderamento das mulheres, fortalecendo a sua organização para a defesa de direitos individuais e coletivos.
Atualmente, a Pastoral desenvolve suas ações através de projetos socioeducativos, contextualizados à realidade em que se encontram as mulheres. A instituição conta também com uma equipe multidisciplinar, para atender as diversas demandas apresentadas pelo público. Para tanto, são garantidos espaços de reflexão e ação, oportunizando melhores direcionamentos e intervenções junto à prática.
Linha Do Tempo
Abordagem na Unidade
A Abordagem favorece o contato e aproximação às mulheres que exercem a prostituição em seus locais de atuação, com o objetivo de contribuir para a prevenção da incidência e reincidência de violações de direitos, possibilitando
condições de acesso à rede de serviços e a benefícios socioassistenciais.
Ao longo dos anos a Pastoral vem atuando prioritariamente em 05 áreas de prostituição na cidade de Juazeiro/BA, totalizando uma média de aproximadamente 24 espaços visitados semanalmente (bares, boates e posto de combustível).
Destacamos como aspectos relevantes das áreas visitadas:
A maioria dos locais são gerenciados por mulheres, que apresenta histórico na prostituição;
Presença do tráfico de drogas nas áreas, assim como muitas mulheres envolvidas no tráfico e consumo;
Acompanhamos mulheres que possuem grau de parentesco (irmãs, cunhadas, filhas, mães);
Conflitos e agressões entre as mulheres;
Consumo abusivo de bebida alcoólica;
Um considerável número de mulheres são provindas de outros estados e municípios. Exemplo: Pernambuco (Ouricuri, Salgueiro), Ceará (Juazeiro do Norte, Crato), Sr. Do Bomfim, Casa Nova, Remanso, Porto Seguro, Feira de Santana;
Rivalidades constantes entre as mulheres;
Aumento da frequência de mulheres transexuais causando conflitos nos locais;
Mulheres relatando casos de violências nos espaços domésticos e do exercício de prostituição.
A Acolhida na sede da Pastoral é um momento de escuta das demandas das mulheres de maneira individual e/ou em grupo, possibilitando a realização de informações, orientações, encaminhamentos e acompanhamentos para os serviços socio assistencias.
As mulheres também podem participar das diversas atividades ofertadas na sede:
- Atendimentos individuais e grupais;
- Atendimento Psicológico;
- Plantões de saúde;
- Encaminhamentos médicos, sociais e jurídicos;
- Auriculoterapia;
- Rodas de conversas;
- Espiritualidade;
- Encontros de mulheres;
- Celebrações;
- Cantinho da Beleza, entre outros.
Acolhida na unidade
Número de mulheres abordadas nos últimos 10 anos:
2009: – 181 mulheres sendo acolhidas na sede da unidade.
2010: - 170 mulheres sendo acolhidas na sede da unidade.
2011: 188 mulheres sendo acolhidas na sede da unidade.
2012: 220 mulheres sendo acolhidas na sede da unidade.
2013: 265 mulheres sendo acolhidas na sede da unidade.
2014: 208 mulheres sendo acolhidas na sede da unidade.
2015: 157 mulheres sendo acolhidas na sede da unidade.
2016: 204 mulheres sendo acolhidas na sede da unidade.
2017: 137 mulheres sendo acolhidas na sede da unidade.
2018: 110 mulheres sendo acolhidas na sede da unidade.
Atendimento na Unidade
De 2013 a 2018 a Pastoral realizou mais de 24.000 atendimentos as mulheres que estão no exercício da prostituição, através de: participação nas atividades oferecidas, orientações, encaminhamentos a serviços socioassistenciais (saúde, social, jurídico), rodas de conversa, momentos culturais e de lazer.
A Sensibilização Social, visa contribuir para a desconstrução do preconceito e estigmas sofridos pelas mulheres que exercem
a prostituição.
Dessa forma a Pastoral a partir da divulgação do seu trabalho em blogs, redes sociais, programas de rádio, grupos que discutem gênero, participação em campanhas, bem como a realização de cursos para a sociedade sobre a temática da prostituição, tem o objetivo de dar visibilidade a essa realidade e cobrar ações efetivas e politicas públicas para esse grupo.
Nos últimos anos realizou várias campanhas na cidade de Juazeiro, Seminários, entre outras ações. E em 2012 criou seu blog, onde já possui mais de 85.000 visualizações. Além de realizar mensalmente um programa de rádio onde discute temas do universo feminino e da realidade da prostituição.
Sensibilização na Unidade
Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher
No ano de 2017 a Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher foi retomada no município e a Pastoral vem participando, pois tem sido um espaço de grande importância no enfrentamento a violência sofrida pelas mulheres. Através das reuniões bimestrais, são realizados encaminhamentos e tomadas de decisões para o melhor desempenho dos serviços de proteção às mulheres.
Instituições participantes da Rede: Pastoral da Mulher, ORMP, Vara da Justiça pela Paz em Casa, CMDDM, CIAM, CREAS, DEAM, SEDES, Diretoria de Mulheres, Ministério Público.
Resultados:
Maior compromisso das instituições para o atendimento às mulheres que são vítimas de violência;
Empenho da Vara da Justiça pela Paz em Casa e do Ministério Público na resolutividade dos processos;
Obtenção de recursos provindos das multas pagas pelos agressores, em caso de descumprimento de MPU, para manutenção dos serviços de proteção às mulheres;
Acompanhamento do trabalho que é realizado pelo CREAS, através do GRRI (Grupo de Reabilitação em Relações Interpessoais) com os agressores.
Participação em Conselhos Municipais
A Pastoral da Mulher também atua em dois conselhos municipais: O Conselho Municipal de Assistência Social (CMASJ) e Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher – CMDDM.
A importância dos conselhos está no seu papel de fortalecimento da participação democrática da população na formulação e implementação de políticas públicas. Dessa forma, a Pastoral integra esses espaços, lutando por uma sociedade mais justa e com igualdade de oportunidade entre homens e mulheres
DEPOIMENTOS
Como se voluntariar?
Se você deseja somar forças na luta contra o preconceito e o estigma que oprime as mulheres que exerce a prostituição, entre m contato conosco e saiba como fazer parte dessa missão!
PARCEIROS
O trabalho pastoral busca promover a articulação das instâncias e espaços de participação democrática, fortalecendo as parcerias para atuarem conjuntamente no enfrentamento às desigualdades sociais que segregam e estigmatizam alguns grupos populacionais, a exemplo das prostitutas.
Desde 2015, com o intuito de fortalecer as instituições parceiras, a Pastoral da Mulher de Juazeiro, cria o “Cirandas Parceiras”, uma iniciativa que tem por objetivo principal reunir e articular profissionais, bem como, instituições públicas e privadas para estabelecer e fortalecer as parcerias existentes, na busca do desenvolvimento de ações conjuntas em prol da qualidade de vida do público atendido por cada instituição.
Contato
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Juazeiro/BA. CEP: 48903-263
Telefones: (74) 3611-0699 | (74) 98824-7324
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