A Rede Oblata Brasil realiza o Webinar «Preta, você me inspira: transformando dor em tecnologia de resistência», no dia 21 de julho, às 19 horas, com transmissão pelo Youtube.
Gestado pelo Projeto Força Feminina – Rede Oblata Salvador – esse encontro objetiva refletir sobre o papel social destinado às mulheres negras na sociedade brasileira. Será realizado também um momento de trocas entre militantes/ativistas dos movimentos de mulheres negras sobre estratégias individuais e coletivas de enfrentamento ao racismo, patriarcado e capitalismo.
Temática Central:
● Histórias de Mulheres negras inspiradoras.
Temas Transversais:
● Dororidade;
● Interseccionalidade;
● Enfrentamento ao racismo, machismo, patriarcado e capitalismo;
● Feminismo Negro;
● Empoderamento Feminino;
● Tecnologias Ancestrais.
O evento conta com as palestrantes Denize Ribeiro e Naira Leite, com mediação de Iracema Oliveira, educadora social do Projeto Força Feminina.
Naiara Leite é jornalista, militante do Odara – Instituto da Mulher Negra.
Denize Ribeiro é Coordenadora do Negras, Grupo de pesquisa em gênero, raça e saúde da UFRB e integrante do Coletivo Angela Davis. Filha de Ogum, Ekedy de Ayra do Terreiro da Casa Branca. Filha de Dona Cândida e mãe de Bethânia. Professora do CCS/UFRB, Gestora de Extensão do CCS/UFRB. Integrante da Rede de Mulheres de Terreiros da Bahia, da Mahin – Organização de Mulheres Negras, da Rede de Mulheres Negras da Bahia, do Fórum Marielles, da Coalizão Negra por Direitos, do Levante Feminista.
Qual o objetivo do Julho das Pretas?
Iracema Oliveira: Este período fomenta a celebração e a manutenção da memória das lutas das mulheres negras. Esforços são concentrados para reflexão crítica sobre os impactos dos marcadores sociais (raça, classe e gênero) e da sobreposição de opressão vividas pelas mulheres negras.
Através da lente analítica da interseccionalidade podemos perceber que esta sobreposição de opressões acarreta as mulheres negras a necessidade constante de lutar contra um mundo patriarcal, machista, racista e classista. Sendo assim, é necessário enfrentar diuturnamente um sistema que odeia as mulheres, a população negra, a classe trabalhadora e as pessoas mais pobres. E pensando numa realidade como a brasileira, as mulheres negras estão localizadas na base da pirâmide. São as mais pobres, são as que tem menos acesso a diretos básicos, são as que têm menor acesso a mobilidade social, são maioria vivendo do trabalho informal (e que nega direitos trabalhistas), são as que ocupam os piores postos de trabalho e os mais precarizados. As mulheres negras são também as maiores vítimas de violência doméstica, violência obstétrica e feminicídio.
Qual a importância do Julho das Pretas para Rede Oblata?
Iracema Oliveira: Pensando nesta perspectiva, a Rede Oblata que atende mulheres em contexto de prostituição e vulnerabilidade social (que são na maioria mulheres negras), observa a importância de incitar o debate público sobre impactos desta sobreposição de opressões. Com objetivo de realizar ações de sensibilização social, de defesa dos direitos humanos das mulheres e de contribuir para o processo de empoderamento e autonomia das mulheres atendidas, a Rede Oblata entende a importância de refletir, discutir, participar e propor adoção de estratégias de incidência política para garantia de direitos, exercício da cidadania plena e o bem viver das mulheres negras.
O Julho se tornou o momento de convergir agendas, fomentar eventos, debates, formações que tratem sobre a vida das mulheres negras, e a Rede Oblata não poderia ficar de fora.
Assista no Youtube da Rede oblata Brasil – Inscreva-se em nosso canal e ative o sininho para definir lembretes para os eventos!
Contextualizando o Julho das Pretas
«O mês de Julho é o período no qual os movimentos de mulheres negras convergem suas agendas para discutir os desafios por elas enfrentados. Em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, com a realização do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, foi criada a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e a definição do 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha. Aqui no Brasil, através da Lei nº 12.987/2014, foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, o dia 25 de Julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
A data foi instituída para rememorar e celebrar o legado e a caminhada de luta das mulheres negras ao longo da história. Este período é utilizado também para estimular um debate público sobre os impactos dos marcadores sociais (raça, classe e gênero) na vida das mulheres negras, a sobreposição de opressão e a importância da adoção de estratégias políticas que utilizem a interseccionalidade como ferramenta analítica.»