“Espiritualidade em tempo de crise: resistência e esperança segundo Carolina Maria de Jesus”
A escritora, poetisa e compositora Carolina Maria de Jesus ficou conhecida nacionalmente na década de 60, entrando para mercado editorial com o famoso livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”. Dona de uma capacidade de reflexão e crítica de sua realidade, Carolina compartilha em suas obras as vivências de ser uma mulher negra, pobre, coletora de materiais recicláveis, moradora da favela do Canindé em São Paulo e mãe solo de três filhos. Suas obras desenham a realidade e o cotidiano de pessoas que vivenciam as desigualdades e as contradições deste país!
Podemos perceber o exercício da espiritualidade em Carolina de Jesus como alguém que enxergava além do seu tempo, uma visionária. Carolina busca através da leitura e interpretação da sua realidade o significado para a vida, utilizando conceitos que transcendem o tangível; ela vive à procura de um sentido de conexão com algo maior que ela.
O vídeo de 3min05seg intitulado “Espiritualidade em tempos de crises: resistência e esperança” deseja nos apresentar uma possibilidade de refletir os desafios que vivemos neste momento a partir a partir da ótica desta grande escritora.
Carolina de Jesus foi umas das primeiras escritoras negras do país, que teve suas obras traduzidas para várias línguas e recebeu o título de Doutora Honoris Causa ad URFJ em 2021.
Deixamos aqui a reflexão crítica, exercício da indignação, ainda tão atuais, na fé de que os ensinamentos de Carolina de Jesus nos estimulem a pensar, a nos indignarmos e a propormos coletivamente possibilidades de mudança da realidade na qual estamos inseridos
E você? Conhece Carolina Maria de Jesus?
*Lista de obras:
- Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960)
- Casa de Alvenaria (1961)
- Diário de uma ex-Favelada (1961)
- Pedaços de Fome (1963)
- Provérbios (1963)
*Obras Póstumas
- Diário de Bitita (1977)
- Um Brasil para Brasileiros (1982)
- Meu Estranho Diário (1996)
- Antologia Pessoal (1996)
- Onde Estaes Felicidade (2014)
- Meu sonho é escrever – Contos inéditos e outros escritos (2018)
*Frases de Carolina Maria de Jesus:
“Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém.”
“Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: faz de conta que eu estou sonhando.”
“A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago.”
“Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos…”
Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.
“Eu sou negra, a fome é amarela e dói muito.”
“Quem não tem amigo, mas tem um livro tem uma estrada.”
“Atualmente somos escravos do custo de vida.”
“Há de existir alguém que lendo o que eu escrevo dirá: isto é mentira! Mas, as misérias são reais.”
“Mas eu sou forte! Não deixo nada impressionar-me profundamente. Não me abato.”
*Música: Pai Nosso dos Mártires ,composta em 1987 pelo missionário verbita Cireneu Kuhn, interpretado coletivamente e “virtualmente” por vários talentos da Irmandade dos Mártires.
*Vozes dos/as colaboradores/as do Força Feminina – Rede Oblata em Salvador.
*Imagens gratuitas extraídas do site Pixabay.
Por Comunicação Força Feminina
Publicação Original no Blog Oblata Força Feminina