O segundo módulo do curso PMACV abordou tema “Prostituição e feminismos”, abrindo espaço para olhares diversos e a importância de conhecer a história dos movimentos e suas conexões. Convidamos Monique Prada e Elisiane Pasini para apresentar diversas linhas do feminismo e seus posicionamentos sobre a prostituição, bem como as lutas dos grupos organizados de prostitutas.
Foi importante ter uma leitura ampla sobre os estudos sobre prostituição no Brasil. Durante a aula, ouvimos sobre três eixos de análises desses estudos: os higienistas ou sanitaristas; os estudos dos anos 80 que trazem os conceitos sobre desvio, divergência e estigma; e os estudos atuais que abordam as “práticas e agenciamento delas por parte das garotas de programa”.
Monique Prada, a partir do olhar direto dessa realidade, ressalta que a luta feminista é a luta pelos direitos de todas as mulheres. Dentre os principais pontos, ela comenta sobre o papel do estigma na sociedade, dividindo as mulheres entre boas e ruins como delimitadores de comportamentos, citando a antropóloga Dolores Juliano. Monique destaca que este estigma afeta a todas as mulheres e que a retomada do diálogo começa a partir do momento que ocupam espaços até então restritos àquelas consideradas “decentes”.
O curso PMACV tem como objetivo possibilitar um processo de sensibilização social a respeito da prostituição e suas interfaces, com cinco módulos conectados para abordar visões e discursos diversos, com um recorte da atuação da Rede Oblata no Brasil.
O Instituto das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor é uma instituição SEM FINS LUCRATIVOS que atua no atendimento e acompanhamento às mulheres que estão em contexto de prostituição e vulnerabilidade social, e no enfrentamento ao tráfico de mulheres para fins de exploração sexual.
Confira as facilitadoras e referências bibliográficas do módulo 2
Elisiane Pasini: Doutora em Antropologia. Ativista feminista. Especialista nos temas mulheres, trabalho sexual e HIV/Aids. Colunista no Site Saúde Pulsando e Colaboradora na Ecos Comunicação e Sexualidade/SP.
Monique Prada: Ex-trabalhadora sexual, escritora e coach de sexualidade e relacionamentos.
Sugestões de Bibliografia:
ABARRETO, Letícia Cardoso. “Somos sujeitas políticas de nossa própria história”: prostituição e feminismos em Belo
Horizonte. Tese de Doutorado defendida na Universidade Federal de Santa Catarina. 2015.
BERTO, Helena. “Para as mulheres, sexo sempre foi trabalho” diz Silvia Federici. Revista Azmina, 25 de setembro de 2019.
Disponível em https://azmina.com.br/reportagens/para-as-mulheres-sexo-sempre-
foi-trabalho-dizsilvia-federici/
FARIA, Nalu; COELHO, Sonia; MORENO, Tica. Prostituição uma abordagem feminista. SOF Sempreviva Organização
Feminista. 2013.
Disponível em https://br.boell.org/sites/default/files/prostituicao_uma_abordagem_feminista.pdf
FEDERICI, Silvia. Por que a sexualidade é trabalho.
Disponível em https://bookblocrda.files.wordpress.com/2013/10/porque-c3a9-que-a-sexualidade-c3a9-trabalho.pdf
HOOKS, Bell. Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra.
Tradução de Cátia Bocaiuva Maringolo. São Paulo: Elefante, 2019.
LEITE, Gabriela Silva. Eu, mulher da vida. Rio de Janeiro, RJ: Editora Rosa dos Tempos,1992.
LEITE, Gabriela. Filha, mãe, avó e puta: a história da mulher que decidiu ser prostituta.
Rio de Janeira: Objetiva, 2009.
PASINI, Elisiane. O que temos para comemorar no Dia Internacional das Prostitutas?
Publicado em www.saudepulsando.com.br. 02 de junho, 2020.
PASINI, Elisiane. 8 de março: Dia das Mulheres, Dia das Trabalhadoras Sexuais.
Publicado em www.saudepulsando.com.br. 08 de março, 2021.
PRADA, Monique. Putafeminista. São Paulo: Veneta, 2018.
PISCITELLI, Adriana. Apresentação: gênero no mercado do sexo.
Campinas: Cadernos Pagu, jul/dez 2005, v.25, p. 7-23.
PISCITELLI, Adriana. Feminismos y prostitución en Brasil: una lectura a partir de la antropología feminista.
Cuadernos de antropología social, n.36, pp.11-31, 2012.
Disponível http://revistascientificas.filo.uba.ar/index.php/CAS/article/view/1349/1299
RODRIGUES, Marlene T. Prostituição e feminismo – uma aproximação ao debate contemporâneo.
Fazendo Gênero 9 Diásporas, Diversidades, Deslocamentos. 23 a 26 de agosto de 2010.